Cicloviagem pela Mantiqueira: morros que não acabam mais.
Com a aproximação das férias, decidi que queria fazer uma viagem de bicicleta. Primeiro, pensei em conhecer o Circuito das Araucárias, em Santa Catarina, mas resolvi traçar uma rota pela região da Mantiqueira (amo!), facilitando a chegada ao Espaço Araucária (acabamos deixando o carro lá), onde participamos do 17º Encontro Nacional de Cicloturismo.
Como a altimetria era pesada e estávamos pedalando pouco, optamos por ir sem equipamento de camping e dormir em pousadinhas. Instalamos bolsas de selim no esquema bikepacking; usei ainda a bolsa da Vó Joaquina no guidão e uma pochete; o Artur foi com dois porta-volumes de guidão da marca Aresta e uma mochila de ataque.
Dia 1 – Do Espaço Araucária a Itajubá (48,4km – 976m)
Para traçar as rotas no Ride with GPS, uso muito as imagens de satélite do Google Maps e isso, às vezes, resulta em algumas surpresas pelo caminho. Logo nos primeiros quilômetros da viagem, caímos em um quintal e a dona nos informou que a estrada foi fechada devido a uma briga de vizinhos.
Itajubá acabou sendo o destino do primeiro dia de viagem.
Com a mudança de planos, voltamos pelo mesmo caminho e fomos em direção à cidade de Piranguçu. Encaramos a subida da serra de São Bernardo e passamos pela represa de mesmo nome. Decidimos não passar por dentro da cidade e seguimos direto para Itajubá. Os últimos quilômetros foram no asfalto e – ufa! – havia acostamento na parte mais movimentada da estrada.
Em Itajubá, a querida Deise já tinha nos oferecido hospedagem e foi um prazer enorme reencontrar os amigos que fizemos em uma viagem de carnaval.
Dia 2 – De Itajubá a Maria da Fé (29,5km – 573m)
No dia seguinte, a Deise e o Egg pedalaram conosco até Maria da Fé – o Denis não nos acompanhou, pois tinha uma prova de mtb no domingo e havia programado um giro leve.
Nossos guias nos levaram pela trilha do “alface” (o nome tem relação com as hortas do caminho). Eu já tinha pedalado parte dessa estrada em uma viagem com o Giu e descobri que, se tivéssemos seguido pela esquerda em determinado ponto, teríamos feito um caminho muuuuito mais suave. Nada como pedalar com locais.
Enquanto almoçávamos, uma chuva forte e gelada começou a cair e não parou mais. Desencanamos de seguir até Cristina e, por sorte, conseguimos uma hospedagem em Maria da Fé – estava tudo lotado devido a um evento de moto na região.
Ainda quero voltar para Maria da Fé para conhecer a fábrica de azeites, mas, tirando isso, não há muitos atrativos na cidade.
Dia 3 – De Maria da Fé a Carmo de Minas (55,1km – 1.318m)
Apesar de o dia anterior ter sido encurtado por causa da chuva, mantivemos o destino do terceiro dia: Carmo de Minas. Para complementar o café safado da pousada, fizemos uma parada estratégica na Padaria do Thiaguinho – outra dica boa dos amigos de Itajubá.
Entre a Beleza e a Paciência.
O dia começou gelado: 9°C, às 7h30, mas logo esquentamos com as subidas. Seguindo pela terra, passamos por dois bairros e suas respectivas serras: a Beleza e a Paciência. Enquanto subia devagar, lembrei de uma frase bobinha sobre relacionamentos: se der certo, beleza; se não, paciência. Neste caso, deu tudo certo, com beleza e paciência!
Depois do almoço em Cristina, seguimos por uma estradinha suave que beira o rio Lambari, pegamos um trechinho curto de asfalto e logo voltamos para a terra. Aprendi com os amigos de Itajubá que, essas estradas de subidas leves geralmente são antigas ferrovias.
Onde será que vamos parar?
Tudo estava tranquilo até chegarmos à primeira porteira do dia. Cruzamos a propriedade abandonada e logo começou um caminho de gado seguido por uma plantação de bananas. O caminho estava bem sujo em alguns pontos e empurramos as bikes por um tempinho. O bananal deu lugar a muitos pés de café, um single track em um pasto e uma estrada decente no meio de outro enorme cafezal.
Quando o caminho termina em uma propriedade privada.
Durante esse pedala/empurra, além de me perguntar onde iríamos parar, eu pensava: “Google Maps fanfarrão! É a segunda vez que traço uma rota seguindo estradas indicadas por ele para diminuir o risco de perrengue e ele apronta uma dessas”. A estrada terminou na Fazenda Coqueiro. Atravessamos a última porteira do dia e pedalamos mais um trechinho de terra antes dos 5km de asfalto até o destino do dia.
Incluí Carmo de Minas no roteiro por causa da produção de café. A expectativa aumentou quando tomamos um café muito bom na loja de conveniência do posto na entrada da cidade. Porém, a realidade mostrou que ali era o único lugar onde dava para encontrar um café decente. Fomos à torrefação da Unique (imaginei que tivesse uma lojinha de fábrica), mas eles indicavam o café no calçadão em São Lourenço e, na hora, nem cogitamos incluir esse desvio na rota.
Dia 4 – De Carmo de Minas a Cruzília (59,7km – 1.253m)
Comparado à véspera, tivemos um dia despreocupado, com mais cidades pelo caminho para abastecimento e uma rota bem mais leve, passando por um trecho da Estrada Real. As plantações de café continuavam predominantes na paisagem e foram acompanhadas ainda pelas belas formações do Itatiaia e pelo Pico do Papagaio.
Passamos rapidamente por Caxambu e o Artur resolveu nos guiar dentro da cidade. Ele optou pela rota mais rápida e fomos parar numa estrada de asfalto curta, mas horrível que levava a Baependi. Na rota que tracei, o caminho era mais longo e de terra.
Entre Carmo de Minas e Cruzília: muitas plantações de café.
Mesmo sem provar as especialidades de Cruzília, cidade conhecida pela produção de queijos premiados, minhas melhores lembranças de lá são relacionadas à comida: um delicioso cheesecake com cobertura de damasco que comemos ao chegar e biscoitinhos comprados em uma padaria ao partirmos.
Dia 5 – De Cruzília a Carvalhos (63km – 1.464m)
No quinto dia da viagem, justo quando começava a colheita do café na região, a paisagem da nossa rota mudou complemente. Algumas estradinhas deram lugar a estradões e pedalamos mais expostos ao sol.
Cortamos um trecho do caminho porque não queríamos passar em uma fazenda turística, mas em outra parte não teve jeito e passamos por uma propriedade privada de alguma empresa. Pedimos permissão a um casal cuja casa ficava a poucos metros da porteira e eles disseram que podíamos seguir.
Cachoeira do Bananal, no caminho para Aiuruoca.
Ao passarmos pela cachoeira do Bananal (que eu tinha visto pelo Google Maps), vimos um camper e logo conhecemos seu dono, que estava fotografando e filmando a queda d’água. Mário, morador de Itamonte e viajante solitário, nos mostrou diversos detalhes do camper construído por ele e não parava mais de falar.
Poucos quilômetros depois desse encontro, tivemos mais uma mudança de percurso porque o gps indicava um caminho onde não víamos estrada alguma. Ao invés de seguirmos para Serranos, fomos parar em Aiuruoca, que não estava nos planos para essa viagem. Para voltarmos à rota, optamos por continuarmos até Carvalhos.
Não parece, mas tinha muita subida nesse caminho.
Há duas estradas que ligam as cidades e seguimos via Posses. O caminho é bem bonito e com muitas subidas, claro. Cerca de 8km antes de chegarmos, passamos pelo bairro das Posses e paramos para bater papo com o simpático casal José Antônio e dona Bina. A conversa rendeu por mais de uma hora e terminamos o pedal do dia sob um belo céu estrelado.
Dia 6 – De Carvalhos a Bocaina de Minas (30,4km – 875m)
Como pulamos um pernoite logo no começo da viagem, decidimos mudar o destino do dia e descansarmos um pouco mais. Essa decisão e o frio da manhã contribuíram para sairmos mais tarde.
Descobrindo novos picos na Mantiqueira.
Descobrimos uma formação linda por ali, o Pico do Muquem, e ficamos atiçados para voltar e fazer o cume. Parte do caminho era sentido bairro Francês dos Carvalhos, mas lá pelo km 11 havia uma bifurcação e continuamos na direção da cachoeira da Estiva. Já sabíamos que se tratava de uma propriedade privada, mas o dono da pousada em Carvalhos disse que poderíamos entrar sem problema já que o local pertence a um primo dele. E vale a pena esse pequeníssimo (menos de 1km) desvio: a cachoeira é linda!
A serra parece tão inocente nesta foto.
Um dia curto de pedal nessa região nem de longe significa moleza e tivemos que encarar a, até então desconhecida, Serra da Aparecida. Em menos de 1,5km, subimos 152m, chegando a 32% (!!!) de inclinação. A descida teve areia, pedras soltas e erosões.
Com a fome que estávamos, ficamos com receio de chegarmos tarde para o almoço em Bocaina de Minas (já tínhamos nos dado mal em Aiuruoca), mas comemos muito bem no Restaurante do João Grande. Considerando o quantidade de distritos que a cidade possui, imaginei que ela seria maior, porém, é pequena e sem muitas opções de hospedagem e restaurantes. Ainda assim, comemos uma pizza bem boa no jantar.
Foi neste dia que ficamos sabendo sobre a crise no abastecimento de combustível no país. Mesmo em um lugar tão pequeno, vimos uma filinha no único posto e ouvimos alguns comentários do dono da vendinha. “Corri para abastecer meu carro hoje. Já está faltando combustível nas cidades ao redor daqui.”
Dia 7 – De Bocaina de Minas a Itamonte (66,7km – 1.360m)
Depois de um trechinho de asfalto até o trevo, pedalamos por uma serra suave (e gostosa!) e logo chegamos a Santo Antônio do Rio Grande. Foi a segunda vez que passei por ali e nem repeti as estradas.
Encantada com o entorno de Itamonte.
A subida que veio a seguir não era nada tranquila, mas a baixa velocidade nos permitiu apreciar ainda mais a região. O barulho de água foi constante por muitos quilômetros e havia bastante mata ao lado da estrada. Ao que parece, o trajeto ali não tem muito movimento e por um bom tempo não encontramos ninguém. Pelo caminho, descobrimos ainda a RPPN Morro do Elefante, que trabalha com agricultura orgânica e proteção e conservação da fauna e flora da região. Mais um local para visitar em outra oportunidade.
Nenhum sinal dos moradores de Belo Monte.
Em Santo Antônio, havíamos sido informados de que, no bairro Belo Monte, haveria uma vendinha no caminho onde poderíamos nos abastecer. O que encontramos foi uma vilazinha com igreja, posto de saúde e escola fechados. Embora estivesse bem cuidada e o único local com aspecto de abandonado fosse a fábrica de laticínios, não vimos uma alma sequer.
Fazenda Guatambu: hospedagem incrível em Itamonte.
Passamos em frente à Fazenda Guatambu/RPPN François Robert Arthur, onde nos hospedamos no ano passado para comemorar o meu aniversário. Além de realizar um excelente trabalho na preservação de um uma região linda, a Endy é responsável pela produção de geleias, kombucha, cervejas, mel e sabonetes artesanais e ainda oferece duas casas incríveis para hospedagem.
A partir da fazenda, foram mais 9km até o asfalto da estrada que liga Itamonte a Alagoa e quase 20km predominantemente de descida até a cidade. Embora considere o entorno de Itamonte belíssimo, não posso dizer o mesmo da área urbana, cortada pela rodovia. Depois de Bocaina de Minas, aqui foi o primeiro lugar onde ouvimos falar com mais intensidade sobre a greve dos caminhoneiros, que estavam protestando em um posto próximo à pousada onde nos hospedamos.
Dia 8 – De Itamonte a Marmelópolis (52,6km – 1.490m)
Voltamos à Estrada Real nos primeiros 10km do dia, por um caminho charmoso que eu já tinha percorrido no sentido contrário. Na sequência, o trecho de Itanhandu a Passa Quatro não traz nada de interessante e é marcado por granjas enormes.
Assim que saímos de Passa Quatro, encaramos uma subida que parecia não acabar mais. Subindo devagar – empurrando em alguns trechos inclusive – vimos várias sinalizações de uma ultramaratona que passou por ali. No cume, havia uma casa que parecia abandonada e uma bifurcação. Optamos pelo caminho mais curto e fomos pela direita. A esquerda levava a um lago sobre o qual um conhecido me falou quando mencionei que já tinha pedalado por aquela região.
Em busca do suco de marmelo.
O caminho escolhido era muito sossegado e ficamos um bom tempo sem ver ninguém. Há diversas estradas que ligam Passa Quatro e Marmelópolis e, sem querer, não repetimos nenhuma em relação à viagem de Carnaval pela Mantiqueira em 2015. Tendo a travessia Marins-Itaguaré como parte da paisagem, paramos bastante para fotos e mais ainda quando encontramos o Toninho, morador de Marmelópolis muito bom de papo.
A conversa se estendeu por um tempo e chegamos à cidade quando estava escurecendo. Já que o restaurante Di Minas estava fechado, jantamos uma panqueca deliciosa na Pizzaria do Gordo, com direito a esfihas de chocolate de sobremesa. O pernoite foi na Pousada Bella Vista, que estava vazia por causa da greve de caminhoneiros.
Dia 9 – De Marmelópolis a Wenceslau Braz (46,8km – 1.494m)
Belo começo de pedal.
Pegamos a estrada que leva ao bairro dos Quatis e, logo de cara, veio uma subida puxada – segundo o registrado no Strava, havia um trecho com 43,9% (!) de inclinação. Essa estrada fazia parte de uma rota que tracei para percorrer com o Giu e não rolou. Depois do terceiro quilômetro, a subida ficou mais agradável.
Fomos seguindo a estrada até que o gps indicou que estávamos fora da rota. Olhando ao redor, vi uma casa abandonada e não tinha certeza se era por lá que deveríamos seguir. Minha dúvida foi sanada por um senhor que trabalhava desmontando outra casa abandonada. “Pode seguir por ali, sem problema.”
Trocando o estradão pelas estradinhas.
Pelas marcas no caminho, percebemos que esse atalho é percorrido apenas por motos e cavalos e, mesmo assim, não muitos já que havia alguma vegetação crescendo em partes do solo. Esse primeiro trecho nos brindou com single tracks e árvores que sombreavam o caminho; já o segundo, com areia, pedras e uma longa descida.
Mercadinho Uai Pegue e Pague, em Taquaral.
Nossa rota alternativa terminou em um trecho do Caminho de Aparecida, no bairro Taquaral, já em Delfim Moreira. Passamos por uma hospedagem de romeiros, com baias para os cavalos, e pela peculiar vendinha Uai Pegue e Pague. Em meio aos produtos da roça, havia os avisos “você não está sendo filmado”, “colha sua verdura e pague o que achar justo”, “obrigado por ser honesto”.
O “almoço” foi no bar do Tadeu, no bairro Salto, também pertencente a Delfim Moreira: batata frita para mim, torresmo para o Artur e cerveja artesanal da região.
Seguimos pelos bairros de Biguá e Água Limpa numa descida suave. O único porém foi o aumento do tráfego que levantava uma poeira chata. Essa estrada é muito usada por ciclistas da região; encontramos alguns pelo caminho e depois descobri que o Denis (Itajubiker) tinha passado por lá mais cedo.
Ah, Google Maps fanfarrão.
Para fugir do asfalto, incluí na rota um trecho que, no Google Maps, aparentava ser uma estrada, mas era na verdade um caminho de gado. Esse “atalho” no pasto faz parte do Caminho de Aparecia e até que foi pedalável em alguns pontos. Os últimos 6km do dia foram de asfalto, numa leve subida com vento contra.
Nos hospedamos na única opção que encontramos na cidade, a Pousada Castelinho que, como o nome sugere, realmente é um castelinho – impossível passar batido. O jantar, encomendado por nossa anfitriã, foi no restaurante da Derly. Mal acreditamos quando ela começou a trazer as panelas para nossa mesa e não parava mais. Comemos bastante e ainda sobrou muita comida.
Dia 10 – De Wenceslau Braz a Campos do Jordão (36,9km – 1.370m)
O dia começou com o mantra “só no girinho”. De Wenceslau Braz até o bairro do Charco, foram quase 15km de subida ininterrupta num giro constante. Aproveitamos um pouquinho de descida e voltamos a subir até a divisa de Minas Gerais com São Paulo, onde entramos no Horto Florestal de Campos do Jordão.
Campo de araucárias próximo à entrada principal do Horto Florestal.
A descida pelo parque exigiu atenção já que havia muitas pedras e pontos escorregadios. Na empolgação de pedalar uma full suspension, o Artur bateu o aro em uma pedra e teve o único furo de todo o percurso.
Com a viagem chegando ao fim, incluí um mimo no roteiro e reservei uma cabana charmosa para passarmos a noite. No espaço gigantesco há, além das cabanas, chalés, atividades de arvorismo, paintball, um restaurante e o Zoom Bike Park, um parque feito para quem curte mtb, com diversas trilhas de variados níveis.
Apesar da subida longa, o pedal do dia foi curto e desfrutamos de uma tarde preguiçosa e de um friozinho gostoso, em meio às árvores.
Dia 11 – De Campos do Jordão ao Espaço Araucária (25,5km – 729m)
No último dia de viagem, entramos no ritmo de calmaria. Acordamos mais tarde, tomamos o café da manhã sossegados e saímos sem pressa. Em menos de 10km estávamos no centro da cidade para um programa tão clichê quanto gostoso: almoço na Baden Baden.
Depois de 515km, de volta ao Espaço Araucária.
Enrolamos um pouco por ali, mas, enfim, fomos percorrer os últimos 17km da viagem. Com subidas, claro. Fizemos algumas fotos em frente ao Espaço Araucária e declaramos encerrada a primeira parte das férias.
Pós-viagem
O plano era aproveitar os dias que tínhamos antes do Encontro Nacional de Cicloturismo para irmos de carro até São Lourenço e Cruzília atrás de um “carregamento” de café, queijo e bolachinhas mineiras e ainda visitar o simpático casal nos arredores de Carvalho. Tudo frustrado pela greve dos caminhoneiros. O tanque do carro estava cheio e achamos mais prudente continuar assim e garantir a volta para a casa pós-feriado.
Pedalar pela Mantiqueira é sempre um programa imperdível. Por mais que já conheça muitos lugares e estradas, ainda é só um pedacinho do que há para ser conhecido. Assim como as pessoas que encontramos pelo caminho, sempre simpáticas ao confirmar uma informação ou até mesmo oferecendo um “cafezim”, jantar e pouso (!).